A reabertura econômica dos principais países consumidores de produtos agrícolas após a pandemia do novo coronavírus vem impulsionando a demanda por grãos, informou a Bolsa de Cereais da Argentina. Em relatório divulgado nesta quinta-feira, a instituição fez uma análise sobre os preços da commodities, afirmando que o petróleo já deixou para trás a mínima histórica, e a produção de etanol registrou o quarto aumento consecutivo nos Estados Unidos, além de uma queda nos estoques.

Os dados positivos do setor de combustíveis sinalizariam uma retomada na demanda, o que pode direcionar os futuros de milho na Bolsa de Chicago (CBOT), já que o cereal é a principal matéria-prima utilizada para fabricação do biocombustível no país.

Os preços da soja, entretanto, voltaram a acompanhar o difícil relacionamento entre EUA e China, afirma no documento a Bolsa argentina. Os norte-americanos insistem em culpar os chineses pela propagação da covid-19, mas as tensões aumentaram quando a China decidiu impor novas leis de segurança nacional em Hong Kong. Até maio, segundo o relatório, as vendas da soja brasileira para a China continuaram acelerando e, embora os EUA continuassem vendendo para os chineses, as exportações da oleaginosa norte-americana caíram. “A situação não é pior que a de 2019, mas não é a melhor, considerando que estamos abaixo das expectativas da primeira fase do acordo comercial”, afirma a instituição.

Na Argentina, as exportações de todos os grãos aumentaram significativamente até abril. Segundo a Bolsa argentina, no acumulado de 2020, os embarques de trigo somaram 7,8 milhões de toneladas, um aumento de 31% em relação ao ano passado. Em abril, as vendas externas de milho também cresceram 7% ante o mesmo mês de 2019, com um acumulado de 11,2 milhões de toneladas exportadas desde o início do ano.

A produção de soja foi a que mais sofreu com os efeitos da pandemia, com a moagem tendo registrado uma retração de 2% no primeiro quadrimestre de 2020. Para a instituição, a queda no processamento está ligada à diminuição das exportações de óleo e farinha. “A queda na receita em maio sugere que essa situação se estenda até o mês seguinte”, diz no documento. (AE)