Por Gustavo Rezende Machado – trainee pela Agrifatto
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), divulgou hoje o seu novo relatório mensal de oferta e demanda. Devido à surpresa do mercado em relação aos dados divulgados, as cotações da soja e do milho recuaram. A tabela 1 destaca a diferença de valores entre os preços praticados após o relatório divulgado hoje e aquele divulgado pelo mesmo órgão em 12 de julho.
O contrato de soja para setembro/17, que até as 12h30 subia mais de 8 pontos, cotado em US$ 9,75/bushel, despencou mais de 32 pontos e fechou o pregão de hoje em US$ 9,33/bushel.
Já o contrato de milho para setembro/17, que também trabalhava em leve alta de 3 pontos até momentos antes da divulgação do relatório, valendo US$3,75/bushel, perdeu 14 pontos até o fechamento do pregão no valor de US$3,57/bushel.
SOJA
O fator mais surpreendente consistiu no número estimado para a produção de soja norte-americana. Enquanto uma redução entre 1 e 2 milhões de toneladas era esperada, para então valores próximos a 114 milhões de toneladas, o USDA elevou a expectativa de produção de forma robusta para esse ano para mais de 119 milhões de toneladas, um recorde de produção caso esse número seja alcançado. Um segundo valor que chama a atenção é a produtividade da soja em meio a uma safra com problemas climáticos. O USDA divulgou aumento para 56,02 sc/ha, na contramão das expectativas, que apontavam uma redução próxima a 53,58 sc/ha. Por fim, destacam-se os estoques, que têm importante influência para a formação dos preços por indicar a disponibilidade internacional do grão. Novamente, o esperado não se confirmou, trazendo números mais altos aos estoques mundiais e norte-americanos reforçando a pressão negativa.
Em conclusão, estamos no meio do mercado climático da safra norte-americana e desde a semeadura, as incertezas levavam a crer na perda de potencial produtivo das lavouras locais. Porém, algumas chuvas nos últimos dias colaboraram para aumentar a umidade do solo, o crescimento da área semeada, cultivares mais produtivos e fisiologicamente mais equilibrados, além do poder de recuperação e vigor da soja. Esses podem ser os principais responsáveis pela mudança de rumo dos dados de produção em direção a uma nova safra recorde.
MILHO
Em relação aos dados produtivos de milho, o USDA refletiu melhor a expectativa do mercado, que era de números contraídos em relação ao anterior, porém em proporção muito menor, resultando também em pressão negativa.
Os principais fatores que levaram as cotações a recuar são:
1. A cultura do milho, por ser uma planta C4 e pelo próprio resultado de anos de melhoramento, acaba sendo mais sensível às condições climáticas;
2. O período de floração, o mais crítico dentro do ciclo da cultura, acontece durante julho, momento que o clima norte-americano foi muito desfavorável. Entretanto, pelo resultado do relatório, não desfavorável o suficiente para chegar ao recuo esperado pelo mercado em suas expectativas.
Dessa forma, todos os números (produção, produtividade e estoques), tiveram reduções muito menores do que o esperado, mesmo para as previsões mais otimistas. A queda da produtividade foi menor que uma saca por hectare, tendo passado de 180,67 para 179,6 sacas/hectare. Com isso, a expectativa de produção caiu cerca 3 milhões de toneladas, quando o esperado era algo em torno de 10 a 15 milhões de toneladas. Assim, os estoques mundiais mantiveram-se praticamente inalterados e o resultado foi a queda de quase 15 pontos na bolsa de valores de Chicago, que fechou em US$ 3,57/bushel.