Em 2015, em uma tacada agressiva, a JBS levou a divisão de carne suína da Cargill nos Estados Unidos por US$ 1,45 bilhão. A Cargill era a caça, a JBS o caçador. Agora os papeis estão completamente invertidos, e é a Cargill que analisa o que comprar os ativos da rival abalada por escândalos de corrupção – e que precisa levantar fundos para pagar dívidas bilionárias.

Segundo a coluna Broad, do Estadão, a Cargill estuda a aquisição da Pilgrim’s Pride, maior processadora de carne de frango norte-americana, que pertence à JBS. O ativo já foi alvo de disputa com a empresa brasileira, que levou o negócio em 2009, por US$ 2,8 bilhões, com a ajuda de um financiamento de US$ 2 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Tendo como referência o preço de negociação na Bolsa de Nova York, a Pilgrim’s valeria hoje cerca de US$ 6 bilhões. Antes de a negociação prosseguir, no entanto, será preciso aguardar para ver como a Justiça norte-americana se posicionará em relação à corrupção na JBS, que pode ser questionada por acionistas norte-americanos.

A JBS informou que a empresa Pilgrim’s Pride não está à venda. A empresa lembra que anunciou oficialmente, em 20 de junho, um programa de desinvestimentos que inclui a alienação da participação acionária de 19,2% na empresa Vigor Alimentos S.A, a irlandesa Moy Park e negócios da Five Rivers nos Estados Unidos e no Canadá. A Cargill, também contatada pela coluna Broad, disse não comentar rumores de mercado.