A pandemia do novo coronavírus em algum momento vai passar. A economia terá que buscar se reencontrar com a trajetória do crescimento, para sair do buraco em que o vírus a jogou, e o agronegócio, com seus mais de 40 subsetores, será fundamental para sua recuperação. A conclusão é de um estudo setorial desenvolvido pela TCP Partners, uma boutique de investimentos e gestão com atuação de abrangência internacional e com escritório também na cidade de São Paulo.
De acordo com o levantamento, o café, a soja e o milho apresentarão o maior crescimento de receita com expansão de 26%, 14% e 13,5%, respectivamente. “O agronegócio será fundamental para a recuperação da economia, pois vai garantir em 100% o abastecimento da população brasileira e suprirá o mundo com alimentos no pós Covid-19”, prevê o economista-chefe e responsável por estratégia de mercado da TCP Partners, Ricardo Jacomassi.
De acordo com o levantamento, o café, a soja e o milho apresentarão o maior crescimento e o favorecimento dessas culturas se dará graças à recuperação da bianualidade da safra do café. A desvalorização do real frente ao dólar, no caso da soja – principal commodity da pauta de exportações brasileira – é outro elemento que contribuirá para o crescimento do complexo do agronegócio no pós-pandemia do coronavírus, além do milho, por ser importante insumo na cadeia alimentar e usado na produção de ração animal.
A expansão passará também pela manutenção da resiliência da indústria de fertilizantes e defensivos agrícolas, pelas exportações de proteínas animal (bovinos, suínos e aves) e pelo setor de medicamentos veterinários, que deve seguir firme com aquisições para garantir a eficiência da produção para abastecer o mercado interno.
Comércio e serviços
A TCP Partners também avaliou o setor de comércio e serviços e observou que o transporte de carga será favorecido pelo segmento de grãos que deverá apresentar safra recorde. Já no segmento relacionado à pecuária que abastece o mercado doméstico deverá ter sua atividade impactada devido à redução do consumo interno, aponta o estudo.
“Os atacadistas e varejistas de peças agrícolas deverão ter um ano de crescimento das vendas devido à aversão de compra de máquinas novas tratores, colheitadeiras e pulverizadores motorizados pelos produtores, que deverão preservar caixa”, disse Jacomassi. Já os produtores que decidirem pela manutenção da frota atual, precisarão repor peças para manutenção.
Dados do setor
Em 2019, o agronegócio representou 21,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Cresceu 3,8% sobre 2019.
Os abates de bovinos no ano passado chegaram a 32,44 milhões de cabeças com crescimento de 1,2% sobre os abates feitos em 2018, segundo o IBGE. Foram 46,33 milhões de suínos abatidos, o que representou um aumento de 4,5% sobre 2018. O abate de frangos cresceu 1,9% em 2019 na comparação com o ano imediatamente anterior para 5,81 bilhões de cabeças.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos deste ano quebrará mais um recorde e atingirá 249 milhões de toneladas, a maior da história. Sobre 2019, será um crescimento de 3,1%. O Valor Bruto da Produção (VBP) previsto para 2020 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária é R$ 674,1 bilhões, sendo 6,7% superior ao VBP de 2019. (Globo Rural)