Processadores de soja no sul da China começaram a receber novamente grãos da oleaginosa da América do Sul, aliviando uma escassez de oferta no principal mercado global da commodity, disseram empresas do setor e analistas.

Compradores chineses importaram soja para esmagamento e transformação em ração para o setor agropecuário e óleo de cozinha, mas chuvas no final de fevereiro no Brasil, principal fornecedor, atrasaram a colheita e exportações, reduzindo estoques de soja e farelo de soja na China para mínimas recorde e forçando alguns processadores a parar operações.

Com as condições climáticas melhorando, no entanto, os embarques do Brasil devem chegar aos portos chineses em grandes volumes nas próximas semanas.

“A maior parte das plantas (de esmagamento de soja) em Guandong e Guangxi retomaram operações nos últimos dias”, disse o gerente de uma unidade no sul do país.

“Agora os processadores aqui estão principalmente executando contratos assinados antes e contratos base. A oferta física de farelo ainda está apertada, o que deve aliviar na próxima semana.”

Os estoques nacionais de soja na China, no entanto, ainda estão bem baixos, embora tenham se recuperado de uma mínima recorde tocada no final de março, atingindo 3,67 milhões de toneladas em 13 de abril.

Os estoques semanais de soja em Guandong, um polo de esmagamento no sul da China, aumentaram para 488 mil toneladas, quase o dobro do nível em 23 de março.

“Nós estamos vendendo lotes de farelo de soja nesta semana, uma vez que os preços devem cair”, disse uma fonte em uma processadora com plantas no norte e no sul da China.

Ainda assim, alguns processadores e analistas dizem que o aperto na oferta pode durar mais porque a demanda pelo ingrediente utilizado em rações segue forte após a longa escassez.

“Os grãos estão chegando gradualmente. Mas há muito farelo de soja (pedidos) que ainda precisa ser entregue. A oferta será apertada por algum tempo”, disse a analista da Shanghai JC Intelligence, Monica Tu.

O Brasil embarcou 12,6 milhões de toneladas de soja em março, alta de 35% na comparação anual. Ao menos 61% dessas exportações tinham a China como destino, segundo dados da Refinitiv. (Reuters)