A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, manifestou preocupação com a oferta de crédito para o agronegócio por conta da crise do coronavírus e cogitou a possibilidade de uma antecipação do Plano Safra para o ciclo 2020/2021.
Em videoconferência com representantes do setor, promovida pela plataforma AgroSaber, no domingo (5/4), ela disse que o assunto é sua preocupação “número 1” e que, embora o Ministério não tenha o dinheiro, está levando a situação para outras áreas do governo.
“Toda a flexibilização foi feita para atender os bancos e para que não houvesse um problema com o sistema financeiro. Mas o efeito não foi aquele que nós esperávamos”, disse ela, pontuando que tem conversado sobre o assunto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e com o ministro da Economia, Paulo Guedes. “A gente tem que ser muito conservador e pensar o pior cenário. Esse assunto é a número 1 das minhas preocupações”, ressaltou.
Sobre o Plano Safra, Tereza Cristina explicou que a ideia de antecipar as condições que seriam adotadas para a safra 2020/2021 tem a intenção de “dar um horizonte” para quem depende desse tipo de recurso. Ela ponderou, no entanto, que o plano anunciado anualmente pelo governo corresponde a cerca de 40% do financiamento necessário para a agropecuária brasileira.
Tereza Cristina disse ainda que a MP 897, conhecida como MP do Agro e que muda regras de crédito rural no Brasil, deve ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta semana. Lançada no ano passado, a MP foi aprovada pelo Congresso e transformada em lei neste ano. Na avaliação da ministra da Agricultura, as regras estabelecidas no texto podem ajudar a operacionalizar o crédito no país.
“Pode ajudar um pouco mais no crédito para o agronegócio, uma medida que foi gestada a várias mãos para trazer agilidade e modernidade para o crédito na agricultura brasileira. Mas é um cenário que não é mais o céu de brigadeiro que a gente vivia lá atrás. É um céu de nuvens e incertezas”, disse ela, demonstrando, por outro lado, certo otimismo em relação à possibilidade de o agro brasileiro ser visto como atrativo para o capital externo. (Globo Rural)