O dólar começou a semana em alta ante o real, fechando na segunda maior cotação da história, puxado por um dia de fortalecimento generalizado da moeda norte-americana conforme agentes financeiros ainda buscam a segurança da divisa diante da perspectiva de recessão global.
O banco central dos Estados Unidos já anunciou medidas para injetar trilhões de dólares no sistema financeiro, enquanto o Congresso dos EUA aprovou um pacote histórico de 2,2 trilhões de dólares. Mas nada disso tem parado a demanda por dólares, reflexo de um mercado temeroso sobre o rumo da economia.
“Essas medidas continuam, contudo, frágeis e altamente dependentes do progresso da pandemia do Covid-19”, disse o Scotiabank em nota.
O número de casos de Covid-19 em todo o mundo já passou de 547 mil, com 35.006 mortes.
O dólar à vista subiu 1,47%, a 5,1815 reais na venda nesta segunda-feira. É a segunda mais elevada cotação para um fechamento, atrás apenas da de 18 de março (5,1993 reais).
Na B3, o contrato de dólar futuro mais negociado tinha alta de 1,63%, a 5,1845 reais, às 17h17.
No exterior, um índice do dólar frente a uma cesta de moedas subia 0,8%. O dólar se valorizava entre 1,5% e 2,5% ante um grupo de divisas emergentes.
O dólar fechou perto das máximas do dia, recuperando toda a queda vista entre 11h45 e 12h15, mesmo depois de o Banco Central ter vendido 625 milhões de dólares no mercado à vista.
No geral, analistas ainda veem o dólar ajustando para baixo até o fim do ano. A pesquisa Focus do BC divulgada mais cedo mostrou que a mediana das estimativas para a taxa de câmbio ao fim de 2020 se manteve em 4,50 reais. As projeções para o desempenho da economia e para a taxa Selic, porém, diminuíram.
A força do dólar nesta sessão em todo o mundo decorreu ainda da visão de que a moeda dos EUA segue mais atrativa do que seus pares, já que outros BCs além do Fed também estão cortando os juros —reduzindo o retorno “extra” pago ao investidor que decide tomar outra moeda em detrimento do dólar.
No Brasil, a expectativa apontada pela curva de juros futuros da B3 é de novo corte de 0,25 ponto percentual da Selic até junho. (Reuters)