O setor produtivo de aves e suínos não pode parar por conta do Coronavírus (Covid-19). Essa é a conclusão de entidades patronais, agroindústrias, cooperativas e especialistas do setor. Os frigoríficos estão mantendo a produção, embora tomando todos os cuidados possíveis para a proteção de seus colaboradores. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa que os setores de aves, ovos e suínos do Brasil estão empenhados na manutenção do fluxo de oferta de alimentos para a população brasileira, em meio à crise do Covid-19.

A posição é a mesma em Santa Catarina, o maior produtor de carne suína do país. O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e diretor do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, assegura que todas as agroindústrias estão trabalhando o abastecimento da população, ao mesmo tempo em que adotam todas as medidas para a proteção dos seus trabalhadores.

“A produção de alimentos não para. Estamos na nossa missão de produzir, desde os colaboradores das agroindústrias, passando pelos produtores rurais, todos os prestadores de serviços, como motoristas, estamos dando nossa contribuição. Para isso, todas as precauções estão sendo tomadas para que nossos colaboradores se sintam segura de produzir. Fiquem tranquilos, pois não faltara alimentos na mesa de catarinenses e brasileiros”, disse, em vídeo publicado no YouTube.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, também ressalta que o agro brasileiro precisa continuar produzindo para garantir a segurança alimentar do país e do mundo. “O agro está produzindo para garantir cada dia mais uma alimentação saudável para todos nós. Agradeço a todos os trabalhadores da nossa cadeia produtiva. Vocês são orgulho do Brasil”, disse, em suas redes sociais. A ministra publicou ainda uma série de fotos de funcionários de agroindústrias e cooperativas no trabalho.

Segundo ela, o Ministério da Agricultura está atento à segurança dos trabalhadores do agro. “Tenho conversado com o setor, que está seguindo as recomendações do Ministério da Saúde para combater a pandemia do coronavirus e tomando as medidas necessárias para garantir a saúde de todos os colaboradores”.

“PARAR SERIA UMA IRRESPONSABILIDADE”

Um dos principais especialistas e consultores do setor de processamento de carne de frango, o engenheiro químico Fábio Nunes ressalta que querer parar a indústria de carnes “nesse momento difícil em que nem todas as ações sugeridas por distintos setores da sociedade têm o bem do Brasil como prioridade, será uma decisão da mais pura irresponsabilidade, pelas graves, amplas e duradouras consequências que trará ao país, à sua população e ao setor”.

“A indústria da carne é uma das fortalezas econômicas do Brasil. Ela produz e leva às mesas dos brasileiros, e de consumidores em 160 países do mundo, carnes da melhor qualidade, nutritivas e imprescindíveis à dieta e saúde dos milhões de consumidores aos quais chegam”, ressalta.

Ainda segundo Fábio Nunes, uma interrupção dos trabalhos impactaria não somente os empregos, mas a própria arrecadação de receitas da administração pública. “Com o seu trabalho, ela gera milhões de empregos diretos e indiretos, move e alimenta uma imensa cadeia de insumos, gera impostos em todas as esferas da administração pública, e gera, anualmente, um mui significativo volume de divisas fortes com as suas exportações”, conclui.

AGROINDÚSTRIAS E COOPERATIVAS CONTINUAM

As atividades das agroindústrias e cooperativas se mantém ao longo desse período, mas com cuidados e atenção redobrada. É o caso da C Vale, de Palotina, no Paraná, que afirma estar dando a sua contribuição para o controle da doença. Em nota, a cooperativa aponta que entende ser necessário manter atividades essenciais, como a produção de alimentos. “Assegurar o funcionamento dos frigoríficos de frangos e peixes significa garantir o abastecimento dos supermercados e, em consequência, permitir que os consumidores tenham acesso a esses produtos”, destaca.

A cooperativa acrescenta que tem adotado medidas preventivas em suas unidades de produção. Uma delas é a verificação de temperatura, com termômetro digital de infravermelho, e outros sinais que possam ter relação com o coronavírus na chegada dos funcionários aos abatedouros, com o consequente afastamento em casos suspeitos.

As atividades na Lar Cooperativa, de Medianeira, também no Paraná, seguem as determinações do poder público. De acordo com o presidente, Irineo da Costa Rodrigues, os serviços que não são essenciais foram fechados, como as lojas agrícolas da cooperativa.

“Muitos na medida em que tem idade maior ou problema de doença pré-existente está dispensado do trabalho”, diz. Segundo ele, a cooperativa está voltada para aquilo que é rigorosamente necessário. “Na pecuária, os animais precisam ser alimentados. Os animais que estão prontos, precisam ser abatidos. A produção que está pronta, como ovos e leite, precisa ser recolhida. E se a gente não pode recolher a matéria prima e processa-la, não vamos ter produto para abastecer os mercados de um modo geral”, complementa.

Na JBS, as atividades de aves e suínos também se mantiveram. Contudo, duas das unidades fabris da agroindústria passaram por percalços nos últimos dias. No último sábado, após decisão judicial, os serviços foram interrompidos. A empresa, no entanto, obteve liminar no Tribunal de Justiça catarinense para retomar a produção. (Suinocultura Industrial)